Drunkorexia: Um novo transtorno alimentar feminino

Recentemente um novo distúrbio alimentar vem sendo colocado em discussão: a drunkorexia. Mesmo sem ainda ter sido denominada como uma doença pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o fenômeno evidencia a relação do o álcool com pessoas que sofrem com disfunções alimentares e passam a tratá-lo como um substituto alimentar.

A expressão drunkorexia vem da junção entre as palavras “drunk” (bêbado, em inglês) e “anorexia”, uma disfunção alimentar caracterizada pela perda de apetite e por atitudes obsessivas em relação à magreza.

A drunkorexia, portanto, acontece quando um indivíduo, preocupado obsessivamente em não engordar, passa a consumir bebidas alcoólicas em substituição à comida. A doença acomete principalmente adolescentes do sexo feminino e jovens mulheres.

Cerca de 1 a 2% da população mundial sofrem de anorexia e, dessas pessoas, cerca de 30% fazem uso inadequado de álcool. Quem sofre com a doença geralmente consome muito álcool, por seu efeito sedativo. O álcool dá a sensação da perda de apetite ou faz com que a pessoa adormeça, ao invés de comer.

Além disso, a ansiedade é um dos sintomas mais frequentes entre os pacientes com distúrbios alimentares e o álcool cria a falsa ideia de aliviar o problema. Em médio ou a longo prazo, na verdade, isso aumenta a ansiedade e pode gerar quadros depressivos.

A dependência do álcool

Um dos maiores males da drunkorexia é aumentar as chances do paciente, que já sofre de anorexia, tornar-se um dependente de álcool. Nas mulheres, o alcoolismo evolui mais rápido do que nos homens.

Comparada a eles, as mulheres possuem mais gordura e menos água no corpo. E o álcool necessita de água para se diluir. Uma mesma quantidade alcoólica tem efeito maior nas mulheres, abrindo caminho para uma possível dependência.

Além disso, o período de maior vulnerabilidade para dependências é dos 12 aos 15 anos de idade. Como existem meninas nessa idade que já sofrem de anorexia, se existir um contato com bebidas alcoólicas nesse período, as chances delas se tornarem dependentes são ainda maiores.

Principais sintomas da drunkorexia

Os sintomas da drunkorexia, geralmente, são os mesmos da anorexia. Distorção da imagem corporal (os pacientes podem se achar gordos mesmo quando são muito magros), indução ao vômito, exagero na quantidade de exercícios físicos, uso de anfetaminas e laxantes, preocupação obsessiva com a magreza e com a alimentação.

Diagnóstico da drunkorexia

O diagnóstico da drunkorexia é basicamente clínico e considera o histórico do paciente. Relatos de familiares ou de amigos também são importantes para o médico, já que o paciente pode minimizar informações para se defender da perda de controle sobre o próprio corpo. Mesmo assim, exames laboratoriais são realizados para que sejam descartadas as possibilidades de outras patologias.

O tratamento da drunkorexia

O tratamento da drunkorexia é integrado e considera tanto o problema da anorexia, quanto o da possível dependência alcoólica. Geralmente consiste em combinar medicamentos (no geral, antidepressivos), com muito apoio familiar e terapia cognitivo-comportamental.

Nos casos de abstinência alcoólica, são indicados ansiolíticos e, dependendo do caso, a frequência em grupos de mútua ajuda.

Alerta aos pais e amigos

Para aqueles que convivem com uma pessoa que pode estar sofrendo de distúrbio alimentar ou drunkorexia, fica um alerta: preocupação excessiva com o corpo, vômitos frequentes, rápida perda de peso, hálito alcoólico e preocupação exagerada com o conteúdo calórico dos alimentos são os sintomas mais evidentes.

Os familiares que têm suspeita de drunkorexia na família, devem conversar abertamente com a pessoa. A postura aberta geralmente é mais produtiva. Se estiverem em dúvida, podem procurar a opinião de um médico.

E nos casos de necessidade óbvia de tratamento, caso o paciente se recuse a aderir, a família deve procurar ajuda profissional e descobrir a ação mais adequada a ser tomada.

Condição cultural

Além dos fatores neurofisiológicos, acredita-se que a drunkorexia, assim como a maioria dos distúrbios alimentares, é fruto de fatores biopsicossociais com forte influência cultural.

A sociedade ocidental tem imposto sobre as mulheres, principalmente, um padrão de beleza em que só há espaço para as magras.

Essa imposição tem se mostrado, cada vez mais, uma grande inimiga de muitas meninas a partir da adolescência.

Esse é um dos principais fatores que justificam o aparecimento de doenças como a drunkorexia.

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